02 agosto 2018

Leandro Karnal - Todos Contra Todos

Todos Contra Todos

Título: Todos contra todos: O ódio nosso de cada dia
Autoria: Leandro Karnal
Editora: Leya Brasil



Pela primeira vez vim escrever uma "resenha" aqui no blog, apesar de sempre publicar livros em meus posts de Documente Sua Vida, nunca fiz um post especialmente para falar de algum livro.

Não posso chamar claramente de resenha sendo que a minha intensão aqui é escrever minhas observações sobre o livro para me lembrar dele futuramente podendo recorrer ao post, rsrs. Sei bem como é a minha memória quando não escrevo, esqueço num piscar de olhos :(


Todos Contra Todos de Leandro Karnal


Sempre antes de ler um livro leio e vejo resenhas, não sei se este é um hábito bom ou ruim, no fundo tenho medo de ser influenciada mas a verdade é que amo fazer isso, kkk

Com Todos Contra Todos não foi diferente, e por ser Karnal (alguém que gosto muito das ideias) tinha certeza que seria bom, mas li várias pessoas falando que esperavam mais do livro. E ai?


Convenhamos que o assunto é polêmico, falar do ódio/preconceito/inveja não é tão simples.

Prólogo


Logo no começo do livro, no prólogo, Karnal fala sobre a intenção que tem com o livro, de que o leitor ao terminar a leitura consiga enxergar melhor o ódio ao seu redor e livrar o coração dos pequenos grandes ódios do dia a dia.

Leandro Karnal

Desenvolvimento


Uma coisa que gostei muito no livro é seu estilo "estudo" em que o autor está sempre citando referencias, muitas pessoas não gostam desse tipo de livro, eu gosto muito. Ele cita muitos autores e partes de livros, principalmente da história do Brasil e referencias a filosofia, eu anotei todos para ler futuramente, rsrs


Basicamente o livro fala sobre a forma como o brasileiro no geral se comporta, como coloca a frente das questões o interesse pessoal e não coletivo. 

Em um momento do livro o autor se refere ao Complexo de Vira Lata descrito por Nelson Rodrigues em um de seus livros, em que alega a falta de autoestima do nosso povo e o sentimento de inferioridade.

Vejo muito esse completo no dia a dia, basta reparar como as pessoas do exterior falam sobre seus países e como nós falamos do nosso, a maioria dos brasileiros denigrem a imagem do Brasil não olham se quer um ponto positivo do país, só falam sobre as coisas ruins, enquanto a cultura dos norte americanos por exemplo é esquecer as coisas ruins do país e falar e exaltar somente as coisas boas.

Algo que me chamou muita atenção também são os dados sobre morte no transito no Brasil, que como o próprio autor diz "são de fazer inveja a muita guerra", e achamos super normal pois já estamos muito acostumados com a violência no transito, o que é  deprimente.

Mais deprimente ainda é quando Karnal nos mostra que sempre colocamos a culpa no outro, por exemplo no transito, a culpa é do motoqueiro se estou de carro, é do PT, do PMDB, é do norte se estou no sul, e assim vai... A culpa nunca é minha.


Kindle


Mas com certeza as melhores palavras do autor são quando ele nos mostra que quando apontamos o dedo para o outro estamos massageando o nosso próprio ego, quando mostro que o outro não sabe de algo é para dizer que sou mais inteligente que ele ou qualquer outra coisa + que ele.


Fica claro no livro como temos inveja e preconceito, como não somos satisfeitos com a felicidade do outro por achar que se o outro está em um bom lugar e eu não estou, eu não posso ficar por baixo, então procuro um jeito de criticá-lo, mais um vez, ódio.


Resenha literária


Concluindo


Claro que para concluir ele teria que falar sobre a solução para tanto ódio pelo brasileiro, então o livro é finalizado com o duas soluções: coerção e consenso. O autor cita a atitude dos próprios pais que antigamente nunca usavam cinco de segurança e hoje pela coerção e consenso usam. Este é um exemplo banal e que provavelmente muitos de nós temos em casa.

As pessoas e seus conhecimentos mudam constantemente, este é um ponto, outro é parar de ensinar ódio as crianças, afinal elas aprendem aquilo que ouvem e veem, para isso pais e professores precisam parar de expressar constantemente o ódio principalmente próximo as crianças, ao invés disso expressar criticas racionais que podem ser debatidas.


Karnal fala que o ódio também é uma forma de perceber o passado, quando o ódio é tão grande hoje que invento um período em que ele não existiu ou era mais fraco, ou menos expressivo, como um exemplo dado por ele mesmo: quando as pessoas lembram da ditadura como um bloco do passado e pensam que talvez certas coisas fossem melhor naquela época, mas é porque lembram de um todo e não do dia a dia daquela época. Neste caso inventando um período que não existiu (ditadura tranquila).


Mas enfim, a solução para o ódio seria o aumento da coerção e consenso, a coerção se consegue por meio de leis como a do crime de racismo, proibição da violência contra a criança, Lei Maria da Penha. A segunda, o consenso, é por meio da educação.  Ambos são complementares, coerção e consenso, por exemplo é preciso ter leis contra o racismo e educação que combata o racismo.

É impossível viver sem ódio, mas podemos fazer dele um elemento de crescimento: por que sinto ódio disso? "Que eu transforme aquilo que me incomoda num ponto de crescimento. E aí o ódio tem uma função boa: ele revela minha fraqueza. E, se eu desejo melhorar, a primeira missão é encarar a medusa. Se não, o ódio vai me dominar."


livro todos contra todos



Minha conclusão

Posso dizer que a intenção de Karnal, de que o leitor terminasse a leitura e conseguisse enxergar melhor o ódio ao seu redor, e livrar o coração dos pequenos grandes ódios do dia a dia, foi alcançada, pelo menos comigo. Penso que pode até parecer meio óbvio certas coisas, mas elas precisam ser frequentemente lembradas, neste caso, o ódio que expressamos. Por isso gostei e indico a leitura.
Comentários
2 Comentários

2 comentários:

  1. Foi ótimo poder comentar, compartilhar opinião e interpretações com vc. Foi ótimo! Me identifico e tenho sorte de te ter como prima. Mesmo se não fosse eu te escolheria pra fazer parte da minha vida.

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    1. Ahhh, que fofinhaaaaaaa! Obrigada pelo carinho Tati, é reciproco. <3

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