25 abril 2015

Ianê Entrevista [3ª Edição]

Oi pessoal
É com muita alegria que venho postar mais um Ianê Entrevista. Caramba! Como é bom ouvir histórias (ler no caso, rs)

Você que não sabe do que se trata, saiba AQUI. Leia as edições anteriores, AQUI, conheça a Janayna que mora no Peru e AQUI, conheça o Osvaldo que mora na Bélgica.

Hoje vocês vão conhecer a Raiene, que fez intercambio pra África do Sul. Eu pedi pra que ela contasse sobre suas experiências, sem dó das palavras, hehehhe. Ela me respondeu e pediu que eu resumisse algo se achasse necessário pois ela acredita que ficaram grandes as respostas, eu sinceramente não tive coragem de mudar nada, tudo foi tão bem contado que eu não quis editar só para ficar menor, e acredito que se você está aqui neste humilde blog, é porque também gosta de boas histórias. Né? ;D

Então quem quer conhecer um pouquinho essa moça, e ouvir suas experiências num intercâmbio na África do Sul, é só continuar lendo........


Fala seu nominho, idade, seu curso e período.
Meu nome é Raiene, tenho 20 anos e estou no 7° período de Psicologia, ou seja, a 1 ano e meio de formar, finally rs  \o/

Para qual país e cidade fez intercambio?
Meu primeiro intercâmbio foi feito em Cape Town (ou em português “Cidade do Cabo”) na África do Sul!

Como foi a escolha desse país?
A escolha surgiu há mais ou menos 6 anos atrás quando comecei a descobrir desigualdades sociais no mundo. Foi então que vi que queria voluntariado pro mundo. Mas por que a África do Sul?? Primeiro porque meu objetivo era experienciar trabalho voluntário num lugar onde meu trabalho realmente fosse funcional (isto é, que fizesse de fato diferença). Segundo porque é um dos lugares que mais demanda voluntariado. Depois que a cultura é extremamente rica e é um lugar pouco procurado para intercâmbio. Além de que vi a possibilidade conhecer lugares incríveis, treinar inglês e atingir meu objetivo que era o voluntariado. Vi que era o lugar perfeito pra ter o tipo de experiência que eu realmente queria pra minha vida.

Por qual agência você foi? (Descreva sua experiência com a agência “fale da parte burocrática”)
A agência responsável por meu intercâmbio foi a CI. Uma das agências mais famosinhas do Brasil. Por que a CI? Bom.. fiz inúmeros e incontáveis orçamentos durante muitos e muitos meses. Pesquisei uma renca de agências de intercâmbio, li diversos blogs, peguei várias dicas com pessoas que já fizeram intercâmbio e.. na minha pesquisa infinita.. vi que a CI era a que mais oferecia segurança, seriedade e tranqüilidade para um intercâmbio. Porém foi dela que recebi o orçamento mais caro (lado negativo dessas coisas famosinhas do Brasil né? ;x). Maas.. no momento em que eu tava, que era o momento da escolha da empresa que ia realizar o meu sonho e  facilitar minha vida em outro País, a minha maior preocupação era exatamente com segurança sabem? Aquelas velhas questões que pais te apertam: e se você chegar lá do outro lado do oceano e for tudo uma farsa? Rs Pois é, e sendo isso possível, a escolha da agência é muitíssimo importante. Então, como marinheira de primeira viagem, escolhi a agência que segundo pesquisas era uma das melhores. Bom, a parte chata disso tudo é que esse processo de orçamentos, fechamento de contrato, etc etc, é beeem demorado e você tá naquele gás de: aaah meu deus tô fechando um intercâmbio, rs entendem? Aquela euforia misturada com ansiedade e uma pancada de sentimentos rs e o processo é lento, exige muita atenção e paciência. Feito o processo de orçamento, formas de pagamento, escolha da data da viagem, esclarecimento de dúvidas quanto a documentação.. ai começa: papel pra cá, assinatura pra lá, tirar passaporte, organizar documentação, começar pagamento... até estar tudo certo pra começar a contagem regressiva, rs Essa é a parte mais chatinha de fechar intercâmbio, você precisa se atentar a todas as condições do contrato pra não cair em falso no meio da euforia.. Pq depois de assinado, ai o negócio ficou sério rsrs. Mas no final, da tudo certo. Haha (detalhe que quase me matou de ansiedade: fechei a viagem 1 ano antes da data escolhida ~suspiros~ rs)

Quanto foi o investimento?
Resumidamente, toda a minha viagem ficou em torno de 20 mil reais. Vou explicar como gastei tudo isso. Quase 7 mil foi só no intercâmbio fechado pela CI e incluiu 2 semanas de inglês na Good Hope Studies com certificado + 2 semanas de trabalho voluntário com certificado + acomodação em host family e student house + 2 refeições diárias + seguro viagem (que é uma exigência) + transfer de chegada.
As passagens aéreas de ida e volta em classe econômica ficaram um pouco mais de 5 mil (o ano que viajei foi ano de Copa no Brasil e ai as taxas de embarque  subiram consideravelmente).
Fora isso, eu gastei com coisas pra levar, tive que comprar bastante coisa pra encarar o inverno de lá rs e levei uma quantia de mais ou menos 5 mil pra me virar lá durante 1 mês. Mas oh.. minha experiência foi de marinheira de primeira viagem né, rs Hoje eu fazendo novamente um intercâmbio como esse, eu conseguiria reduzir bastante os gastos, porque acaba que o medo te faz pagar mais caro em algumas coisas e tal, usar mais taxi lá, comprar muita coisa pra caso você se depare com situações inesperadas (como adoecer, etc).
PS: A viagem foi paga durante 1 ano. Passei quase 3 anos trabalhando, daí fechei o intercambio, peguei um cheque do valor emprestado com meu pai e dividi em 12x esse valor pra pagar ele. Juntei um dinheiro (trabalhando) pra levar e pra comprar as passagens á vista.
Meu objetivo era voltar sem nenhuma dívida da viagem e consegui \o/.

Qual o período que você ficou lá?
Fiquei lá por um mês. Fui no comecinho de Julho e voltei no começo de Agosto de 2014. Só pra vocês entenderem o correr da história, meu intercambio foi dividido em 2 etapas. As duas primeiras semanas eu fiz inglês e fiquei numa host family e as duas últimas fiz o voluntariado e fiquei em student house (uma casa feita pra estudantes, com quartos e banheiros compartilhados, a minha casa era só pra meninas).  

Intuito do intercambio?
Realizar o meu sonho (voluntariado na África), desenvolver o inglês, ter experiência com a cultura e ter certificados da viagem pra dar uma “iluminada” na minha vida profissional.

Conte sobre o trabalho voluntário.
Ai ai ai.. essa parte é a mais complicada rs Sabem quando algo foi tão mais tão maravilhoso que você mal consegue descrever? O trabalho voluntário foi bem isso. Foi uma experiência tão diferente na minha vida, e tão mas tão maravilhosa que até hoje não consigo descrever ao pé da letra como foi tudo, rs Mas vou tentar. Bom, fiz trabalho voluntário num hospital pediátrico chamado Red Cross, é um hospital público, regional e recebe crianças desde um pequeno corte até casos de oncologia, HIV e etc. Eu ia pra lá as 9 da manhã e ficava até as 16h, todos os dias, exceto os finais de semana (apesar de que eu nem queria dar intervalo rs). Lá minha  função era basicamente estar a disposição das crianças e familiares, dar um suporte pra que eles ficassem mais tranqüilos. Então, tínhamos uma brinquedoteca onde eu podia pegar qualquer tipo de brinquedo/livros/papéis e levar pros leitos. 

Alguns familiares que estavam com filho internado a muito tempo já não conseguiam ficar o tempo todo no hospital, então eles contavam com os voluntários pra poderem ficar mais tranqüilos. Massss... Assim como consegui acalmar uma criança que chorava porque a mãe estava o dia todo fora trabalhando eu comprava roupas e acessórios pra bebezinhos que eram abandonados ;( Tinham inúmeros casos de crianças abandonadas no hospital, casos de crianças abusadas por mãe/pai. O hospital era enooorme e super super lotado de crianças. Isso era muito assustador. Nos meus primeiros dias lá, eu não conseguia comer, nem fazer muita coisa, meu coração vivia apertado e a única coisa que eu me perguntava era: por que eu vim parar aqui?! Parecia que eu não estava preparada.. Mas aos poucos eu fui me adaptando e vendo que de fato não era fácil mesmo fazer voluntariado num lugar onde você vê e brinca com uma criança um dia e no outro dia ela pode ter falecido. Não era fácil chegar e ver um sorriso de uma criança e olhar o prontuário dela e ver que ela tinha sido abusada sexualmente pelos pais, estava abandonada e com sérias conseqüências fisiológicas por isso. Assim como não era fácil ver que na parte da oncologia, por exemplo, as crianças nunca tinham energia suficiente para brincar o tanto que elas queriam e acabavam deitando no meu colo. Cada novo dia dentro do hospital, era um novo desafio.

Lá eu me deparava com situações do tipo: crianças de 10 meses de idade que ainda não conseguia se sentar, porque não tem, dentro do hospital, estimulação para isso. Daí claaaro, eu fazia questão de tirar do berço em casos assim e colocar em pé no meu colo, sentados, pra estimular a coordenação motora. Eu entendia o fato de que eram inúmeras e inúmeras crianças, inclusive uma porcentagem enorme de crianças abandonadas e que não haviam profissionais disponíveis pra olhar com tanta paciência a demanda de cada criança (mas deveria né?!). Enfim, eu não consigo explicar o que eu vivi lá dentro, não sei como colocar o quanto meu coração se alegrava quando eu conseguia ver uma criança parar de chorar e sorrir porque eu cheguei no leito. Não sei mesmo. No final eu entendi o motivo no qual me levou pro hospital, o motivo no qual não me deixou escolher voluntariado em creches ou escola. Eu vi que as pessoas habitualmente preferem ver o que dói menos. Numa creche eu viria crianças com vulnerabilidade social, frente a situações como frio, fome, etc, mas eu viria elas correndo, brincando, estudando e gritando, e pra isso eu sei que não precisaria de muito, são crianças. No hospital era diferente.. as crianças não podiam correr, algumas nem podiam mexer na cama, não podiam gritar, nem cantar alto, nem ver o tempo lá fora.. e ai muitas vezes, brinquedos, livros, papéis não eram suficientes, porque convenhamos, o que é um brinquedo, quando você nem pode se mexer pra usa-lo? Então tinham dias que eu levava um carrinho cheeeeio de coisas da brinquedoteca, mas acabava sentada do lado do leito de uma criança e contando histórias mirabolantes que eu mesma criava, ou colocando música no meu celular pra cantarmos juntas ou até mesmo contando sobre a cultura do Brasil. Pronto.. tava ai o meu papel.

Não era simplesmente brincar, entreter, contar piadas.. era tentar levar um pouquinho de paz pros corações que estavam ali, apertados. E isso realmente se encaixava nos meus objetivos de vida. Eu sei que não consegui fazer tudo como eu queria, o tempo passou rápido demais lá dentro. Mas no meu ultimo dia, eu nem quis me despedir. Meu coração estava partido porque era hora deixar tudo aquilo e acreditar que outras pessoas poderiam aparecer por ali. E então eu quis acreditar nisso...
Eu não fechei a minha história com o voluntariado, e nem o meu coração parou de bater mais forte quando eu penso naquelas crianças, até hoje tudo isso, muda os meus dias. Mudou e vem mudando a minha vida inteira.  Talvez por isso, eu encerre aqui com (...).

Sobre a escola.
AAAAH, a escola *-* Eu fiz duas semanas de inglês na Good Hope Studies. Era uma escola super aconchegante que ficava bem no centro da cidade.  A escola foi um dos lugares que eu pensei que eu fosse odiaar, porque eu odiava inglês, rs E foi uma experiência maravilhosa. Lá eles faziam teste de nivelamento e uma entrevista no seu primeiro dia, e te colocam em uma turma. Não era escola de gramática, etc. Seu objetivo era conversação. E a aula toda era em inglês. TUDO! Não tínhamos uma palavra em outra língua. Rs Mas era isso o legal. Na minha sala tinham uns 3 ou 4 árabes e 2 brasileiras, eu e mais outra (que se tornou minha amiga de intercâmbio, rs). Masss.. na escola inteira, tinha pessoas de todos os lugares inimagináveis que vocês pensarem. Sério. Uma mistura de culturas perfeita pra você realmente se sentir num lugar feito pra aprendizagem. A escola era assim.. você não aprendia só na sala de aula, mas no recreio, quando faziam rodas e todo mundo ia contar sobre a cultura do seu País etc. De lá, geralmente turmas saiam pro almoço juntos, pra passeios e pra conversas. E isso era ótimo... além de tudo, ainda treinávamos o inglês. A escola foi ponto chave na minha viagem, primeiro porque eu realmente aprendi consideravelmente a falar inglês, segundo porque foi de lá que saíram meus amigos de intercâmbio. Foi devido a escola que eu e 4 brasileiras fizemos uma amizade lindíssima e vivemos juntas coisas inexplicáveis e mantemos contato até hoje *-*

Agora explica como era o seu dia a dia lá pra entendermos d i r e i t i n h o. (Responda esta, somente se não tiver detalhado nas duas anteriores, dependendo de como respondeu, não será necessário responder esta daqui, heheh)
Acho que eu não consegui falar sobre o meu dia a dia certinho lá. Bom, lá eu acordava as 7h (as coisas lá abrem as 9h), tomava café (fiquei viciada em torrada o mês inteiro, rs) e nas primeiras duas semanas eu ia pro inglês as 9h e a aula acabava meio dia. Geralmente eu pegava mini bus pra ir da casa que eu tava pra escola, não era muuito longe não, em 7 min eu já tava na escola. Esses mini bus era tipo uma van pra gente, mas em espécie de ônibus, só que mais barato. Eles não tinham pontos específicos como um ônibus tem, eles eram divididos assim: de tal bairro pra tal. E passavam no bairro todo. Se você tivesse na esquina da sua casa eles paravam. Era muuuito barato, tipo R$1,50 pra gente. E muitas vezes eles até te deixavam na porta do lugar. Eu amava mini bus, era super divertido, porque o rapaz que geralmente era o cobrador passava o caminho TOOODO gritando o nome do bairro que tava indo, rs era tipo: - GREEN POINT, GREEN POINT. E você nem precisava erguer a mão direito e eles já paravam o mini bus e te colocavam pra dentro. Uma loucura legal. E barato, rs. Quando eu não conseguia sair num horário bom pra pegar mini-bus, eu pegava taxi pra chegar mais rápido. Quando a aula acabava, geralmente íamos pros passeios, acho que não fiz um passeio sozinha.. porque sempre tinham turmas da escola que queriam conhecer algum lugar e íamos juntos. Então eu não voltava pra casa. Passava o resto do dia turistando, rs Geralmente eu chegava em casa no máximoo 19h da noite. Lá escurecia super cedo e tudo fechava as 18h no máximo e juro que as pessoas sumiam das ruas e começava a ficar perigoso ;x As duas semanas no inglês foram assim.. Casa-escola-turistar-casa. Rs Nos fins de semana eu costumava fazer aqueles tours grandes que começava na sexta e terminava no domingo, foi onde fiz safári, vinícolas, favelas, etc. Eram tours em grupo.. daí passávamos em vários lugares turísticos e acabávamos dormindo em hostel (que delicia). O hostel é um típico hotel barato com acomodações divididas, geralmente procurado por intercambistas e estudantes. Quando fazíamos esses tours, eram em torno de 15 estudantes que ficavam num quarto só. Mas era uma delicia. A noite em hostel, era maravilhosa. Todo mundo reunia pra conversar, divertir. Fiquei em um hostel frente ao mar, rs o hostel era na areia inclusive.. chegamos a noite, jantamos ao redor de uma fogueira (na areia) e depois fomos sentar frente o mar. Era a coisa mais linda do mundo, o mar iluminado pelas estrelas. Não tinha nada que fazia clarear.. nem celular, nem  lanterna. Eram as estrelas. E nenhuma foto registrava aquele momento porque ficava escuro. Parecia momento só pra ser vivido mesmo. Quando eu terminei o inglês e fui pro voluntariado daí o meu tempo pra turistar diminuiu.. porque eu passava maior parte do meu dia dentro do hospital, mas ainda assim minha rotina era: casa-minibus-hospital-minibus-casa-conhecer lugares no fim do dia. E foi assim até o dia de ir embora ;( Eu não ficava 1 minuto sem ter o que fazer. Rs


Sobre as dificuldades.
Pra mim, uma das maiores dificuldades foi a comida. Não que eu não tenha me adaptado, porque me adaptei super bem. Mas porque no final do intercâmbio eu já tava morrendo por arroz e feijão. ;x Lá não tinha feijão, nem arroz. Essa cultura de arroz feijão é nossa né? Eu senti muita falta. É diferente você almoçar um filé de peixe com alface e batata, que um arroz feijão verdura salada e carne.

Tinha host family? Como foi a escolha? Como era a relação de vocês lá? Conte a experiência.
Tinhaaaa *-* Eu fiquei 2 semanas em host family. A minha host family era amável e a escolha foi feita pela CI. Mas eu amei. Era um casal que moravam num apartamento pequeno super aconchegante. Eu tinha um quarto pra mim e eles me tratavam como filha mesmo, rs Era um amoor. O casal se chamava Vicky e José. Eu acordava a Vicky já estava preparando o café e perguntava o que eu iria fazer durante o dia, me dava dicas de lugares pra conhecer. Inclusive o meu primeiro passeio foi feito com ela. No dia seguinte que cheguei, ela me levou no shopping pra comprar chip, organizar essas coisas. Não me deixou usar dicionário um segundo, rs E me ajudou muito com o inglês. Digo que aprendi mais com ela que na escola. Porque conversávamos muito. Eu tinha que me adaptar. Então, eu chegava a ficar horas com ela no sofá conversando. Sobre várias coisas. Sobre o Brasil, sobre minha família, faculdade, amigos. Foi uma experiência maravilhosa com a minha host family. Quando eu viajava pra tours, eles sempre me ligavam perguntando se tava tudo bem, se eu tinha feito amigos, se tinha levado roupa de frio suficiente. Era lindo.. tinham dias que a Vicky ia me acordar pra eu ir pra escola e ela já dizia: hoje o dia ta mais frio, pegue mais agasalhos. E eu amava a casa dela, a comida dela, amava ficar perto dela. No meu próximo intercâmbio eu não quero ficar em outro lugar, eu prefiro host family. Primeiro porque você tem contato diretamente com uma cultura diferente, segundo que você tem pessoas pra contar em qualquer momento, terceiro porque se for um país com outra língua, você terá oportunidade de treinar muito. A Vicky e o José me acolheram de uma forma inexplicável. Todos os dias me ofereciam caminhos pro intercambio. Isso era muito importante. Dias de chuva eles me alertavam: cuidado com passeios pra tal e tal lugar, com chuva não vai ser legal. Em dias mais quentes: hoje é um bom dia pra você conhecer tal lugar. Quando eu saia com dinheiro eles me faziam esconder etc, rs. Eram mesmo uma família, eu me senti parte deles.

Foi difícil se adaptar com o inglês?
Vishh, no começo foi, rs. Depois foi fluindo com a escola e com a host family. Eu fui preparada, levei dicionário pra viagem, app’s de celular pra traduzir voz, etc. Mas não usei nada nisso. Não dava tempo e a Vicky não deixava eu carregar o dicionário. Mas eu vi que só a exposição direta te faz aprender, rs Eu tive que aprender a falar, ou eu não fazia nada. Não comprava nada, não conhecia os lugares, não fazia amigos, não comia, nada. Era impossível não ter que falar inglês. Minha sorte foi saber gramática, ter um pouco de vocabulário. Isso me ajudou muito. E ter a host family. Mas.. no meu primeiro dia.. lembro que cheguei na host family e a primeira coisa que eu falei foi: I don’t speak English. Rsrs No meu ultimo dia eu fui me despedir deles e a Vicky disse: estou feliz porque hoje conseguimos ficar horas conversando em inglês com tanta facilidade. Sem nenhuma dúvida, meu inglês melhorou muuito no decorrer da viagem.
Quando cheguei no primeiro aeroporto na África do Sul, eu nem conseguia pedir informações. Quando fui embora.. tava tudo muito tranqüilo pra mim. Eu já conseguia sobreviver, rs.

Passou por situações engraçadas e/ou constrangedoras? Se sim, conta pra gente!
A situação mais marcante do tipo constrangedora que passei, não foi engraçada no inicio rs Foi um dia que eu precisava sair do hospital e passar num mercado pra fazer compras de comida.. porque na student house cada um era responsável por sua comida. E a minha já tinha acabado. Daí eu peguei um minibus na porta do hospital e pedi pra ficar no pick in pay (um dos melhores mercados de lá). Só que eu esqueci que tem pick in pay espalhado na cidade inteeeira e esqueci de especificar no minibus que eu queria o pick in pay de Rondebosch.. que era o bairro que eu tava morando. Rs e aaai.. que eu fui parar beeem longe de casa, quando me dei conta disso eu já tinha descido do minibus, daí fiz as compras e decidi depois pegar um taxi. Masss.. não passava UM taxi por perto, NENHUM minibus que ia pra Rondebosch. Eu não tinha créditos pra ligação (lá você compra créditos separado pra internet ou ligação ou sms) pra poder ligar pra um taxi. E fiquei mais ou menos 2horas sofrendo com uma renca de sacolas na mão, desesperadaaa mesmo. Eu nem sabia pra que rumo eu tava da cidade ;x Daí parei num ponto de ônibus e desabafei com uma mulher que eu nem conhecia.. falei que eu tava perdida e tudo mais.. ela ficou comigo até passar um minibus, rs Nesse dia cheguei em casa super tarde. Essa foi a situação mais difícil que tive lá rs. Coisas que acontecem com intercambistas. Rs

O que mais marcou no intercâmbio?

No meu intercâmbio o que mais marcou foi o fato de ter me surpreendido em tudo. Eu li inúmeras coisas sobre a cidade, fiz um super roteiro de todos os meus dias lá. E adivinhem? Eu nem consegui seguir. Eu vi que o que eu vivi realmente não cabe em papel e nem em planejamento. Você vive coisas que nunca espera. E eu achava que tinha tudo certinho pra viver. Isso foi o mais marcante. Depois disso.. foi em um dia em que fui visitar uma favela pra fazer doações de brinquedos que eu tinha levado do Brasil.. e cheguei lá com uma garrafinha de água, que eu tava tomando. De repente vi crianças correndo a meu encontro, não pelos brinquedos, mas pela água. ;( Imaginem você pensar que crianças não estão se importando com brinquedos, mas com água. ;/ Doeu tanto.. que acho que nunca vou esquecer. E depois.. o sorriso de quem ganhou meia garrafa d’água (suspiros).

Fotinhosssss 
Bom.. já que eu não falei muito dos meus passeio.. porque foram muuitos, tentei selecionar as fotos dos principais.. só pra vocês verem que a África também é linda e que você pode ter um intercâmbio maravilhoso longe dos padrões impostos de intercâmbio perfeito (tô dizendo isso, porque quando fechei o intercâmbio e contava pras pessoas que era pra África elas se assustavam.. e perguntavam: que que cê vai fazer lá menina? Vai pro Canadá, etc, etc). Foi a melhor escolha e investimento da minha vida, de verdade. Vamos pras fotosss..

Essa montanha se chama Lion's Head e eu escalei ela com uns amigos.. Demoramos em torno de 1h:30min pra subir e 2h pra descer. Subimos pra ver o pôr-do-sol e foi lindooo *-* Um esforço físico e cansaço que valeu muito a pena. É muito recompensador. 

Essa foto é do hostel que eu falei na entrevista.. que era frente ao mar e tal. Vejam a fogueira *-* Ali reuniam todos os estudantes que estavam hospedados.  

Essa vista maravilhosa é da montanha mais famosa de Cape Town.. a Table Mountain.. Essa eu não escalei rs é enoorme e as pessoas costumam demorar até 7h pra chegar ao topo, então peguei um bondinho mesmo, rs.  

Uma das minhas fotos preferidas s2 Foi uma visita numa favela  de lá e fomos beem cedinho, quase não tinham crianças acordadas.. e enquanto caminhávamos por lá eis que vejo essas crianças correndo em minha direção e gritando: Hello, Hello *-* Meu coração não aguentava rs


Ainda sobre essa visita.
 Esse lugar é simplesmente sem descrição! ;o É onde há divisão dos oceanos..
Eu tenho fotos e fotos do hospital... do trabalho com as crianças.. mas por questões éticas não posso coloca-las aqui. Mas essa.. É uma foto que eu sou apaixonada pra descrever a relação entre o voluntário e a criança. É uma união e confiança momentânea, mas que marca infinitos dias de nossas vidas.

 AAHHH, gentee esses elefantes *-* É num santuário. São fofos demais, não?? s2

Essas são as amigas brasileiras que fiz durante o intercâmbio. Vimos o pôr-do-sol juntas numa praia que chama Sea Point. É bem tranquila.. só não é pra banho. E mesmo se fosse.. eu nao entrei no mar nenhum dia ;o o frio não deixava ;x 

 Lembram da água? =( Taí o sorriso que eu disse!

Uma foto beem mais ou menos rs com qualidade péssima mas pra mostrar minha host family s2

 Aqui é um típico momento pós-aula rs Saimos uma turma da escola pra almoçarmos juntos.

Amooo essa foto do abraço de avestruz rs s2

AAH esses sorrisos. Gente, as melhores visitas sempre eram nas comunidades.. Eu saia de lá renovada pra vida. Essa visita foi numa comunidade rastaffari. BEM diferente da nossa cultura.. diferente de tudo que já vi. Mas meu coração batendo mais forte sempre.. por trabalhos sociais assim. 

Essa foto é no maior shopping de lá.. O Waterfront. É lindoo. Tem de tudo.. Até roda-gigante rs Passeio de barco etc.

A última foto.. só pra fechar: Safári.. É África né? rs

Bom gente.. tem coisas demais rs fotos demais.. Tentei mostrar algumas coisas que vivi lá. Mas quem quiser mais detalhes só entrar em contato cmg.. tem inúmeras coisas pra discutir.. como questões de desigualdade racial presentes na própria África do Sul.. ;x Tenho fotos de passeios incríveis.. lá até praia de pinguim tem s2 coisa mais lindaa! Não cabe tudo aqui. Mas resumidamente, quero dizer que a África do Sul, especificamente Cape Town, são dois extremos. O lado lindo.. e o lado péssimo. O lado lindo em termos naturais.. lá é tudo natureza, rodeado de montanhas.. Inúmeras praias lindas pra conhecer. Várias culturas num lugar só. Você conhece desde um africano até um muçulmano. E o lado.. o lado que eu fui tentar oferecer uma mãozinha. O lado que quase ninguém vê, mas.. está limitado em condições humanas básicas. Por isso é de fato um lugar perfeito pra ter uma experiência inesquecível.

Obrigada pela oportunidade de falar do sonho mais lindo que vivi! 

 Nós quem agradecemos por você compartilhar tantas experiências ricas, como essas Raiene. Muito obrigada!

E aí pessoal, gostaram? Uau!!! Quantas coisas podem ser vividas em 1 mês ein?! Eu amei, e pra variar já quero conhecer TÁMBÉM a África do Sul... Rsrs.. Partiu? hehehhe
Beijinhossss
Comentários
3 Comentários

3 comentários:

  1. Nossa, que lindo esse post. Até emocionei quando falou da criança que não tem energia de brincar e deita no colo... =( Olha, até fiquei com vontade de ir pra África.

    www.alemdemim.com

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    1. Lindo né Tati... A Raiene é uma menina muito linda. E amei ela ter compartilhado essa experiencia com a gente.
      Bora pra África? ;D
      Beijinhosss

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  2. Opa!! Se eu ganhar na loteria eu topo, hein, kkkkkk

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